Sonntag, 28. August 2011

Conto: "Luz sob a porta"



Autor: Luiz Vilela

Nascido em 1942 em Ituiutaba (MG), publica seu primeiro artigo em 1956 num jornal de estudantes. Filósofo, romancista e contista. Formou-se em Filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte.  Estreou na literatura aos 24 anos, com o livro de contos Tremor de terra, pelo qual recebeu o Prêmio Nacional de Ficção em Brasília. Participou de vários projetos literários como A Revista e a Página dos Novos, editada pelo jornal Estado de Minas. Foi também premiado no I e II Concurso Nacional de Contos, do Paraná. Seus contos, romances e novelas já foram traduzidos em vários países, como Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Argentina, Paraguai, Chile, Venezuela e México.
Morou em São Paulo, onde foi jornalista do Jornal da Tarde, passando a publicar seus trabalhos literários. Correu o mundo, viajou pela Europa, foi convidado a lecionar nos Estados Unidos e para ser jurado do Prêmio Casa de las Américas, em Cuba. Já há vários estudos sobre suas obras nas universidades brasileiras, com alguns trabalhos também no exterior.
É considerado um dos melhores contistas da atualidade, e depois de alguns períodos morando em São Paulo, nos EUA e na Espanha, vive atualmente em sua cidade natal.





Obras

Tremor de Terra (contos, 1967)
No Bar (contos, 1968)
Tarde da Noite (contos, 1970)
O Fim de Tudo (1973), livro de contos com o qual ganhou o Prêmio Jabuti.
Lindas Pernas (contos, 1979)
O Inferno é Aqui Mesmo (romance, 1983)
Entre Amigos (romance, 1983)
Os Novos (romance, 1984)
Contos Escolhidos (antologia, 1985)
Uma Seleção de Contos (antologia, 1986)
Contos (antologia, 1986)
Os Melhores Contos (contos, 2001)
O Violino e Outros Contos (antologia, 1989)
 Graça (romance, 1989)
Te Amo Sobre Todas as Coisas (novela, 1994)
Contos da Infância e da Adolescência
(antologia, 1996)
O Choro no Travesseiro (romance, 2000)
Boa de Garfo e Outros Contos (antologia, 2000)
Sete Histórias (antologia, 2000)
Histórias de Família (contos, 2001)
A cabeça (contos, 2002)
Bóris e Dóris (2006)
Perdição (2008), que é seu lançamento mais recente.

O Conto

Estética:
       Característica marcante no estilo de Luiz Vilela é a arte difícil de expressar com economia de palavras o que transita entre as pessoas, atrás do óbvio, do aparente. Segue a tendência mineira de evitar excessos. Cria, em atmosferas densas, situações em que o leitor recebe através de um código sutil. As palavras como um gesto leve, quase um olhar, brotam espontâneas.

       A futilidade dos diálogos entre os amigos do bar (“Imaginem só: me deu a maior cantada!” - Kafka? Estou lendo. O processo.”) sobrepõe-se a densidade do diálogo entre mãe e filho (“Quer dizer que a senhora passou o dia sozinha?” - “Passei, mas não teve importância; arrumei uma costurinha pra fazer.”).
 
       O conto é mais um pequeno drama da miséria humana. Como várias outras dessas pequenas narrativas, este não tem propriamente um final, mas algo como uma interrupção, ou suspensão. Não há nenhum suspiro de alívio nem grande emoção com o desfecho, apenas a triste constatação de que a velhice é assim mesmo.
 
Elementos narrativos: 

Narrador:
Narrador observador, em 3ª pessoa, não participa da história.

Tempo:
O tempo é curto e cronológico. 

Espaço:
A história se passa na casa de amigos (Maria) e na casa da mãe do protagonista (Nélson).

Personagens: 
Nélson, amigos de Nélson (Toninho, Guido, Maria) e a mãe de Nélson.

Enredo (síntese do conto): 
       Nélson está com alguns amigos de classe média bebendo em uma festa. Eles discutem Kafka, dizem que lê Sartre e ouvem os Beatles. Preocupado com as horas, precisa deixar a festa para visitar a mãe, que aniversaria. Por isso é motivo de chacotas dos amigos e amigas e é com muita dificuldade que consegue desvencilhar-se. Embora pressionado, ele insiste e vai. Ao chegar à casa de sua mãe, já são cinco para a meia-noite. “Havia luz sob a porta, ela estava esperando-o”.

        A recepção é triste.
  Na casa da mãe, fica sabendo que ela não recebeu nenhuma visita naquele dia. Dulce não foi, nem Rubens, nem Álvaro, nem ninguém. A mãe reclama da idade e do esquecimento a que foi relegada. Fala-lhe do medo que tinha que ele não viesse. A mãe se emociona, e chora baixinho, com medo da velhice, da solidão, e Nélson a consola.



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